Citador
30 agosto, 2006
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
António Gedeão
29 agosto, 2006
Lenda dos Tripeiros
No ano de 1415, construíam-se nas margens do Douro as naus e os barcos que haveriam de levar os portugueses, nesse ano, à conquista de Ceuta e, mais tarde, à epopeia dos Descobrimentos. A razão deste empreendimento era secreta e nos estaleiros os boatos eram muitos e variados: uns diziam que as embarcações eram destinadas a transportar a Infanta D. Helena a Inglaterra, onde se casaria; outros diziam que era para levar El-Rei D. João I a Jerusalém para visitar o Santo Sepulcro. Mas havia ainda quem afirmasse a pés juntos que a armada se destinava a conduzir os Infantes D. Pedro e D. Henrique a Nápoles para ali se casarem...
Foi então que o Infante D. Henrique apareceu inesperadamente no Porto para ver o andamento dos trabalhos e, embora satisfeito com o esforço despendido, achou que se poderia fazer ainda mais. E o Infante confidenciou ao mestre Vaz, o fiel encarregado da construção, as verdadeiras e secretas razões que estavam na sua origem: a conquista de Ceuta. Pediu ao mestre e aos seus homens mais empenho e sacrifícios, ao que mestre Vaz lhe assegurou que fariam para o infante o mesmo que tinham feito cerca de trinta anos atrás aquando da guerra com Castela: dariam toda a carne da cidade e comeriam apenas as tripas. Este sacrifício tinha-lhes valido mesmo a alcunha de "tripeiros". Comovido, o infante D. Henrique disse-lhe então que esse nome de "tripeiros" era uma verdadeira honra para o povo do Porto. A História de Portugal registou mais este sacrifício invulgar dos heróicos "tripeiros" que contribuiu para que a grande frota do Infante D. Henrique, com sete galés e vinte naus, partisse a caminho da conquista de Ceuta.
28 agosto, 2006
Lenda de São Jorge e o Dragão
O culto deste santo parece ter sido introduzido em Portugal pelos cruzados ingleses que auxiliaram D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa, em 1147. Mas só mais tarde, segundo se crê no reinado de Afonso IV, se passou a usar a invocacão de S. Jorge como grito de guerra contra os inimigos, em substituição ou a par com o brado de "Santiago".
É bem conhecido o facto de Nuno Álvares Pereira ser profundo devoto deste mártir, tanto que é sabido ter mandado pintar na sua bandeira a figura do santo. E também D. João I tinha especial devoção por S. Jorge que, como se sabe, foi tido como factor religioso da vitória em Aljubarrota.
Pouco se sabe, historicamente, da vida deste santo. Diz-se que nasceu na Capadócia, de uma ilustre família, distinta não só pela nobreza mas ainda pelo zêlo com que professava e defendia a religião cristã. Pela sua valentia, cultura e aprumo, ganhou muito novo os favores do imperador Deocleciano, que o nomeou mestre-de-campo.
Quando o imperador decretou a perseguição aos cristãos, Jorge, que, apesar dos seus vinte anos, pertencia, por direito próprio do cargo que detinha, ao Conselho de Estado, fez-lhe sentir quanta injustiça havia naquela situação. O outro, espantado com esta inesperada oposição por parte do jovem general, mandou-o supliciar. Contudo, milagrosamente, a roda de agudas pontas que deveria retalhar-lhe o corpo deixou-o incólume, como se nada se tivesse passado. Mas, depois de muitas vicissitudes e perseguições, Jorge acabou por ser decapitado no dia 23 de Abril do ano de 290, segundo uns, ou 303, de acordo com outros.
Foi a tradição medieval que acrescentou a estes dados a história da morte do dragão.
Havia em Silene, cidade da Líbia - diz essa tradição -, um terrível dragão, ao qual o povo oferecia, todos os dias, duas ovelhas. Certa vez, porém, foi necessário oferecer-lhe um sacrifício humano que melhor o apaziguasse, e foi escolhida, à sorte, a filha única do Rei.
Jorge apareceu na cidade no momento em que iam imolar a criança e imediatamente se ofereceu para a libertar e livrar a cidade do monstro.
Montou a cavalo e investiu contra o dragão, ferindo-o com a lança. Em seguida, ordenou à menina que tirasse o cinto e o lançasse ao pescoço do monstro, a fim de o conduzir à cidade.
27 agosto, 2006
Futebol, no seu melhor...
Em fim, mais um começo de um campeonato, em que já sabemos como termina. Com mais uma vitória dos que querem mal ao desporto nacional, mais uma vitória dos ignóbeis-pseudo-dirigentes do desporto nacional á procura de fama e proveito pessoal, mais uma vitória da falta de regulamentação do Desporto Nacional e da incompetência dos sucessivos governos, ou ‘desgovernos’ nacionais que nunca souberam travar os interesses de meia dúzia.
A incompetência da FPF em resolver o caso Mateus antes do início da época 2006/2007 só demonstra que o Estado Português deve ‘meter a mão’ na organização do campeonato, e não voltar a permitir que outras situações semelhantes voltem a acontecer.
Deixem de produzir escândalos que só envergonham a nossa Bandeira que tão diligentemente foi desfraldada em muitas janelas deste Portugal.
É de lamentar que também os clubes ainda mantenham os seus apoios as diversas pseudo-claques que a única coisa que conseguem fazer é gerar a violência, dentro e fora do estádio.
Lamentavelmente, ontem, após mais um dos jogos, uma estação de serviço da A1, em Aveiras foi vandalizada por adeptos do futebol, ou melhor, adeptos do roubo do vandalismo da falta de educação da falta de moral ou talvez da falta de paizinhos que os eduquem. Funcionários agredidos, roubados, xingados… é o futebol nacional a funcionar… é uma tristeza...
25 agosto, 2006
Mercurio,Vénus, Terra....Neptuno... ops acabou...
Bom, o 9º calhau a contar do Sol, já não passa de um calhau, que de planetas já só restam oito. A comunidade cientifica plena de direito, resolveu por regra nos planetas do Sistema Solar, deixou de registar o caos total, qualquer pedrita que passava á frente da lente de um qualquer telescópio passava a ser mais um planeta. Já eram 12. Uma pouca vergonha.
Já agora, espero que todos os fans de Pluto, (o tal do Disney) , não o despromovam também, porque, aquele cachorrinho (que já atravessou todas as idades caninas) não merece, agora ser um cachorrinho de 2ª categoria.
A vida
Sobra-lhe tempo para a família?
Muito pouco. Por isso eu admito autotratar-me. Ninguém nasce apenas para passar por cá. Não quero falar de obra, porque isso seria demasiado pomposo, mas acredito que tenho de deixar qualquer coisa feita. E, ao fazê-la, talvez me tenha esquecido da família. É um pecado que me penitencio.
«Revista Visão»
É a realidade dos executivos portugueses, filantropos, e que vivem apenas para a sua ‘Obra’.
Será que abandonar a família, em detrimento da carreira é o melhor projecto de vida?
Vamos todos dedicar o nosso percurso de vida exclusivamente á nossa carreira, esquecendo a família e ver onde isto vai parar… 62 anos de idade.
Sabe vossa Exª a cor dos olhos dos seus dois filhos? Penso que não.
Ganho apenas o suficiente para gastar o que me apetece: em carros,relógios umas visitas ao Rosa & Teixeira… São os pequenos luxos que me permito, porque não tenho tempo para viagens de turismo, nem para barcos de recreio.
«Revista Visão, entrevista»
Tão pobrezinho que deve ser. O cidadão português, de médio baixo/rendimento não frequenta o Rosa & Teixeira, compra a sua roupinha na praça, carros e relógios, só o que um empréstimo permite comprar e em muitas prestações.
Não deve ganhar mal?
É evidente, mas o fisco fica-me com 40% do salário ( deve ser pobrezinho). Sou um teso que vive bem. Não faz parte dos meus projectos ser rico…
Sem comentários…
24 agosto, 2006
Cavalo à Solta
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
José Carlos Ary dos Santos
22 agosto, 2006
Lenda Japonesa
Aqui está uma pequena lição de vida que alguem me contou .
Era uma vez um grande samurai que vivia perto de Tóquio.
Mesmo idoso, dedicava-se a ensinar a arte zen aos jovens.
Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro, conhecido pela sua total falta de escrúpulo, apareceu por ali.
Queria derrotar o samurai e aumentar a sua fama.
O velho aceitou o desafio e o jovem começou a insultá-lo.
Chutou algumas pedras em sua direcção, cuspiu no seu rosto, gritou insultos, ofendeu os seus ancestrais.
Durante horas, fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.
No final do dia, sentindo-se já exausto e humilhado, o guerreiro retirou-se.
E os alunos, surpresos, perguntaram ao mestre como ele pudera suportar tanta indignidade.
- Se alguém chega até ti com um presente e tu não o aceitas, a quem pertence o presente?
- A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a raiva e os insultos.
Quando não são aceites, continuam a pertencer a quem os carregava consigo.
A sua paz interior depende exclusivamente de ti.
21 agosto, 2006
António Gedeão
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
António Gedeão
"Caramelos de Elvas"...
Adalberto Joanes e o seu Jardim... florido...
'Analisar a situação das finanças e economia da Madeira não pode ser um mero exercício formal. Há um acumular de 30 anos de políticas, ausência de dados fiáveis e discursos que se anulam a si próprios. Por um lado, há um governo regional reivindicativo de mais autonomia; por outro, assistimos a comportamentos de dependência total de verbas do Estado e da Europa, apesar dos milhões de euros entrados nos cofres regionais a partir 1986. '«Texto retirado da DN edição de 21/08/2006»
E quer aquele Sr. mais milhões. Ao longo de anos, recebeu mundos e fundos, faz o que quis e o que lhe veio á cabeça.
O 'Cantenante' lhe dê a independência, e vamos ver se ele se aguenta ,sem os meus impostos é claro....que vá mais é plantar bananas.
19 agosto, 2006
Voltar a emigrar?
Exceptuando as razões de ordem política, religiosa, ou racial, certamente em menor número, a emigração teve a sua origem em razões económicas e de sobrevivência de muitas famílias que não encontravam na sua terra o suficiente para se sustentar e sustentar os seus.
Com a adesão à UE pensava-se ter sido encerrado o ciclo da emigração, começando Portugal a ser encarado como um País onde se chegava e não de onde se partia.
Com o passar dos tempos, e sem que o progresso que ansiávamos se tenha firmado em Portugal, creio que um novo ciclo de emigração se iniciará em breve, pois são muito fracas as expectativas de futuro para a grande maioria dos jovens que se prepara para concluir os seus estudos.
Mas estará a Europa preparada para receber os jovens portugueses que procuram emprego qualificado? E os Estados Unidos e o Canadá? Não serão também já imensas as carências de emprego sentidas lá fora?
Mais uma vez, África parece abrir as portas ao futuro dos jovens portugueses que quiserem singrar e que cá não tiverem oportunidades! Só que agora não somos só nós a acreditar nessa solução.
N. Srª da Agonia em Viana do Castelo.
18 agosto, 2006
Festas de Nossa Srª da Agonia
Portugal Certificado...
E como tem gente
é cheia de gente
gente que gosta
e gente que não gosta
e gente que não gosta
que finge gostá prá espantá o desgostá
ainda tem gente que nasce,
gente que cresce, que até atrofia.
Gente que sai, que chega
e até gente que nunca foi pois não sabe o que é ir.
Gente que presta e que não presta, gente prestando, prostrando
nas mãos de quem não presta.
Gente que descobre e gente que encobre.
Gente que morre de rir e
Gente que chora sem morrer.
Tem gente pra tudo e pra nada
Tem gente moço?
Não tá tudo vazio!
(Yara Corrêa Picardo)
17 agosto, 2006
Pérolas do Ensino
2) O nervo óptico transmite ideias luminosas ao cérebro.
3) O terramoto é um pequeno movimento de terras não cultivadas.
4) Os antigos egípcios desenvolveram a arte funerária, para que os mortos pudessem viver melhor.
5) Péricles foi o principal ditador da democracia Grega.
6) O problema do Terceiro Mundo é a superabundância de necessidades.
7) O petróleo apareceu há muitos séculos numa época em que os peixes se afogavam dentro da água.
8) O Sol dá-nos luz, calor e turistas.
9) As aves têm na boca um dente chamado bico.
10) Matéria é tudo aquilo que vem para os testes.
11) A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo.
12) Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado.
13) A insónia consiste em dormir ao contrário.
14) A arquitectura gótica notabilizou-se por fazer edifícios verticais.
15) O Chile é um país alto e magro.
16) As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia.
17) A democracia grega funcionava muito bem porque quem não estava de acordo envenenava-se.
18) Os crustáceos fora de água respiram como podem.
19) Os hermafroditas humanos nascem unidos pelo corpo.
20) Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia.
21) A Previdência Social assegura o direito à enfermidade colectiva.
22) A respiração anaeróbia é a respiração sem ar que não deve passar de três minutos.
23) O calor é a quantidade de calorias armazenadas na unidade de tempo.
24) Antes de ser criada, a Justiça do mundo era uma injustiça.
25) A morte é algo que só se vive depois de morto.
26) Para combater a violência precisamos conhecê-la em género, grau e número.
E assim vai a Educação em Portugal.
A MADEIRA E O SEU JARDIM
O Dr. Jardim gosta muito de ir à televisão dar umas lições de democracia. O que vale é que, cá no continente, ninguém o ouve deixam-no a falar sozinho, e os poucos que o ouvem, por questões de partido, nem acreditam nele.
A democracia dele todos nós já sabemos qual é! As regras que ele utiliza, na Madeira, nada tem a ver com a verdadeira democracia. Ele ameaça fechar jornais que não escrevem o que ele quer, ele só dá emprego a quem for da sua cor partidária, ele afasta outros que não têm as mesmas ideias políticas que ele, enfim tudo que diz e faz, de democrático nada tem.
Eu sei que os argumentos que utiliza, para pretender mostrar que só ele é que sabe, são as suas vitórias eleitorais, agora resta saber como é que ele as tem conseguido...
A posição dele na ilha, com o dinheiro que vamos para lá enviando, as cargas fiscais reduzidas, dá-lhe para manobrar tudo e todos, e depois são esses que lhe vão dando as vitórias, à custa do medo e da perseguição.Ele pensa que cá neste lado não passamos todos de uns pacóvios, e, o que é de lamentar é que há, quem o vá sustentando na sua arrogância caciqueira, e permitindo que nos vá tratando a todos de maneira inconcebível.
Só falta realmente vir por aí fora (e vontade não lhe falta), com as ‘mocas de Rio Maior’, na mão, para nos impor a sua democracia!
Mas faça favor Dr. Jardim, venha, venha, que nós vamos marcando a sua consultazinha para o hospital de doidos mais próximo!! E enviamos a conta aos seus caciqueiros...
16 agosto, 2006
Deus vê tudo...
15 agosto, 2006
FOGO...FOGO....FOGO...
Mais um ano que passa, mais um ano em que a noticia de abertura dos diversos jornais é o fogo. Fogo que consome a nossa floresta, que delapida a nossa riqueza natural que destrói o meio de subsistência das pobres regiões rurais portuguesas, onde ainda se vive da floresta e da agricultura.
Isto tudo depois de anuncio de medidas megalómanas dos nossos governantes. Ele são aviões Russos , helicópteros XPTO, vigilância em todo o lado, exercito de prevenção…
Dinheiro, dinheiro, dinheiro… Só se gasta dinheiro sem qualquer efeito prático.
Já tivemos as maiores manchas florestais do continente Europeu, já tivemos o país coberto de verde de norte a sul, hoje ele é negro, negro literal, com mortes á mistura.
Antigamente, é verdade, as matas estavam mais limpas, os pinhais eram desbastados periodicamente. Mas por outro lado no topo de cada monte havia um vigia permanente que numa vigília solitária, mantinha o controle sobre uma vasta área, prevenindo todo e qualquer início de um fogo.
Nunca um país evoluiu sem ter em conta a sua história, ou sem ter em conta exemplos de outros países, muitas vezes é necessário uma retirada, voltar atrás, e tornar a partir para podermos avançar.
Porque não reactivar essas torres de vigia, porque não colocar patrulhar florestais nas nossas florestas, porque não responsabilizar as empresas que lucram com a floresta por essa vigilância. Porque não colocar a longa lista de desempregados que infelizmente existe, a patrulhar, remunerando é claro.
São tantas as possibilidades!
13 agosto, 2006
O Emigrante
Bom , chegou o intervalo das férias, terminei mais um período de férias, foram duas semanas que passei em Casegas, muito calor á mistura com muitos ‘francius’ avec ses voitures et ses maisons que me fez lembrar os Imigrantes que acolhemos entre nós, ao que me constou, Casegas acolheu dois ucranianos.
Eles são africanos, brasileiros dos países do leste uma panóplia de nacionalidades, são pessoas que na sua maior parte, salvo raras excepções, nos escolheram para melhorar o seu nível de vida entrando no mercado de trabalho pela porta pequena ( como os nossos emigrantes na década de 60) e que humildemente aceitam trabalhos que a maior parte dos portugueses não quer fazer.
Faz recordar também as dificuldades que a diáspora portuguesa passou ( e quem sabe ainda passa) aquando da sua partida para terras gaulesas, brasileiras ou norte americanas.
É vê-los a chegar nas suas ‘belles voitures ‘ a vê-los chamar os filhos, ‘Jean Pierre Viens ici ou levas porrada nos corn@$’, esquecendo por breves momentos que na maioria dos casos as suas belles voitures são apenas as fachadas que precisam para mostrar ao primo e á tia , ao irmão e á sua mãe que as suas vidas são maravilhosas ‘lá fora’ eles são os maiores, que nunca passaram dificuldades.
Falo assim mas respeito-os, tenho familiares espalhados pelo mundo; no Brazil, na França, na Suissa, nos E.U.A. e no Canadá, portanto falo sem qualquer problema e preconceito. O que não posso tolerar é que esses mesmos sejam os primeiros a criticar os Imigrantes, os tais ucranianos e africanos, e achincalhando os tornem pessoas desprezíveis.
Falo assim, mas deixo de os respeitar, quando criticam os que ficam nas aldeias portuguesas e não optam pela emigração. Deixo de os respeitar também quando consideram que os ‘ de Lisboa’ ou do ‘Porto’ ( os Migrantes) que na pratica também são emigrantes, passam a ser portugueses de segunda somente porque não chamam o ‘Jean Pierre’ mas sim o João Pedro, porque não tem ‘belles voitures’ mas sim carros, porque não fizeram as suas ‘maisons’ nos terrenos de cultivos de seus ‘parents’ mas talvez restauraram as casas que existiam mantendo as raízes da família.
Deixo de os respeitar quando afirmam que os que não emigraram viveram á custa das suas remessas de ‘argent’ que enviavam periodicamente para as suas contas bancárias, aproveitando diferenças cambiais e taxas de juro altíssimas que se praticaram em Portugal durante muitos anos, esquecendo que só os Srs Banqueiros é que enriqueciam á sua custa, ( não me lembra de ver os meus pais, Migrantes em Lisboa, a usufruir de qualquer valor enviado pelos nossos Emigrantes. Sempre os vi trabalhar , muito, atingindo tudo aquilo que os outros conseguiram lá fora).
Não, não estou a dizer mal dos nossos Emigrantes, só acho que deveriam ser mais discretos, sem ostentações de fachada e assumir que a vida lá fora não é nada fácil e que em alguns casos andam a lavar e limpar os pratos e a trabalhar nas obras de sol a sol para poderem fazer umas curtas ‘vacances’ no nosso Portugal. Ao mesmo tempo deveriam respeitar os Imigrantes, seus companheiros de aventura, que acolhemos na nossa sociedade para fazer exactamente o mesmo que a nossa diáspora anda a fazer lá fora.