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21 agosto, 2006

António Gedeão

Viagem
Aparelhei o barco da ilusão

E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

António Gedeão
António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho, nasceu em Lisboa em 24 de Novembro de 1906 e faleceu na mesma cidade em 1997. Foi professor de Ciências Físico-Químicas no ensino secundário (Liceu Pedro Nunes). Licenciado pela Universidade do Porto em 1931, traduziu como ninguém, a ciência para os leigos, desvendando segredos científicos com a mesma simplicidade com que os exemplificava. Apesar de só aos 50 anos ter decidido publicar o seu primeiro livro de poesia, tornou-se uma figura de referência incontornável no imaginário colectivo do povo português.

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