Nos últimos dias de Dezembro e nos primeiros dias de Janeiro, muito se escreveu sobre esta lei, falando-se sobre discriminação dos fumadores, comparando-se até a proibição, num exagero excessivo, com fascismo e nazismo.
No entanto, o que todos observámos, na prática, foi um grande civismo e educação de todos os portugueses. Deixou-se de fumar nos cafés, nos restaurantes, nos centros comerciais e mesmo na grande maioria dos bares e discotecas.
Assim, notou-se uma substancial diferença no ar dos locais públicos: já não provocam problemas agudos nos doentes com patologias respiratórias, os pais já podem frequentá-los com os filhos pequenos e já não se fica com o cheiro incómodo do fumo na roupa ou nos cabelos, que a todos afecta. Os trabalhadores, finalmente, não têm de estar expostos tantas horas ao fumo do tabaco, com todos os benefícios a curto e a longo prazo que daí advêm.
E espanto!: os restaurantes, cafés e centro comerciais continuam cheios e não se vêem fumadores a infringir a lei. Não se ouve falar de contra-ordenações, que apenas têm ocorrido em pequeno número e geralmente se relacionam com questões técnicas.
Por sua vez, os fumadores alteraram os seus rituais e passaram a fumar na rua – e não deixo de admirar o facto de cumprirem essa regra. Observou-se também um fenómeno não esperado: os fumadores tornaram-se mais unidos, ligados por um objectivo e até já se fala num meio de fazer amigos mais facilmente.
Muitos fumadores também ficaram surpreendidos: achavam que se quisessem estar sem fumar durante o seu dia de trabalho iam conseguir sem dificuldades – e descobriram que não era bem assim, que eram mais dependentes do que pensavam, originando uma grande angústia. Além disso, sentem-se observados e criticados por quem passa por eles nas portas dos empregos ou dos cafés.
Nas farmácias, notou-se um aumento da procura dos medicamentos de venda livre para deixar de fumar e houve, também, um aumento na procura das consultas de cessação tabágica.
Ao mesmo tempo, aliado ao aumento do preço houve já uma quebra nas percentagens de venda do tabaco, na ordem dos 15%.
Dentro em breve vamos notar diferenças a nível das patologias. Em Itália, houve um estudo em que, logo nos primeiros meses, se registou uma menor incidência de enfarte agudo do miocárdio – e em Portugal será igual.
Parabéns portugueses fumadores e não fumadores. Mais uma vez se demonstrou o quanto somos um país civilizado.
Cecília Pardal
Médica Pneumologista
Membro do Fórum Médico Sem Tabaco
no Sol
No entanto, o que todos observámos, na prática, foi um grande civismo e educação de todos os portugueses. Deixou-se de fumar nos cafés, nos restaurantes, nos centros comerciais e mesmo na grande maioria dos bares e discotecas.
Assim, notou-se uma substancial diferença no ar dos locais públicos: já não provocam problemas agudos nos doentes com patologias respiratórias, os pais já podem frequentá-los com os filhos pequenos e já não se fica com o cheiro incómodo do fumo na roupa ou nos cabelos, que a todos afecta. Os trabalhadores, finalmente, não têm de estar expostos tantas horas ao fumo do tabaco, com todos os benefícios a curto e a longo prazo que daí advêm.
E espanto!: os restaurantes, cafés e centro comerciais continuam cheios e não se vêem fumadores a infringir a lei. Não se ouve falar de contra-ordenações, que apenas têm ocorrido em pequeno número e geralmente se relacionam com questões técnicas.
Por sua vez, os fumadores alteraram os seus rituais e passaram a fumar na rua – e não deixo de admirar o facto de cumprirem essa regra. Observou-se também um fenómeno não esperado: os fumadores tornaram-se mais unidos, ligados por um objectivo e até já se fala num meio de fazer amigos mais facilmente.
Muitos fumadores também ficaram surpreendidos: achavam que se quisessem estar sem fumar durante o seu dia de trabalho iam conseguir sem dificuldades – e descobriram que não era bem assim, que eram mais dependentes do que pensavam, originando uma grande angústia. Além disso, sentem-se observados e criticados por quem passa por eles nas portas dos empregos ou dos cafés.
Nas farmácias, notou-se um aumento da procura dos medicamentos de venda livre para deixar de fumar e houve, também, um aumento na procura das consultas de cessação tabágica.
Ao mesmo tempo, aliado ao aumento do preço houve já uma quebra nas percentagens de venda do tabaco, na ordem dos 15%.
Dentro em breve vamos notar diferenças a nível das patologias. Em Itália, houve um estudo em que, logo nos primeiros meses, se registou uma menor incidência de enfarte agudo do miocárdio – e em Portugal será igual.
Parabéns portugueses fumadores e não fumadores. Mais uma vez se demonstrou o quanto somos um país civilizado.
Cecília Pardal
Médica Pneumologista
Membro do Fórum Médico Sem Tabaco
no Sol
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