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13 março, 2007

Este artigo de opinião do DN ilustra a maneira mais coerente de encarar este 'não' problema...é HISTORIA DE PORTUGAL para o bem e para o mal...

Quando ainda o melhor está para vir, acerca dos resultados do concurso-"eleição" dos "Maiores Portugueses", eis que a excursão antifascista de resistentes à ditadura de Salazar - e respectiva contramanifestação de habitantes de Santa Comba Dão, prontamente rotulados de "salazaristas" - e a abertura de espólio de Álvaro Cunhal fizeram vir à superfície do debate a reescrita (ou o medo) da História. (...)
Para alguns anti-salazaristas ou para alguns anticomunistas, Salazar e Cunhal, pelos vistos, não existiram, nem alguma coisa terão tido a ver com o século XX português. Salazar não chefiou um governo autocrático durante quatro décadas e Cunhal não dirigiu o Partido Comunista antes e depois do 25 de Abril, durante cinco décadas - e pronto.(...)
A simples existência de uma casa-museu de Salazar na sua terra natal, Santa Comba Dão, faria regressar o perigo do fascismo(...)
A eventual existência de um espaço museológico, com base no espólio e na luta de Cunhal e dos comunistas contra a ditadura salazarista, faria regressar o perigo comunista (...)
A resposta a ambas as perguntas, sabem-no todos os historiadores e pessoas de bom senso, é negativa. Conhecer a vida, a obra e o tempo e a circunstância de cada um deles é gerador - se seriamente organizados e transmitidos aos vindouros - de um melhor e mais esclarecedor olhar sobre a história portuguesa de todo um século.Os comunistas e os outros portugueses têm o direito de saber mais de Cunhal, tal como os salazaristas e os outros portugueses o têm em relação a Salazar.Se retirarmos da nossa história e de diversos concelhos do País a lembrança de todos os vultos históricos que governaram ou aspiraram a governar dura e ditatorialmente, poderíamos começar por D. João II e terminar no marquês de Pombal, por exemplo.(...)
In DN 13/03/2007
José Manuel Barroso
Jornalista

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