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08 dezembro, 2006

O meu Alentejo - Florbela Espanca

Meio-dia. O sol a prumo cai ardente,
Doirando tudo...Ondeiam nos trigais
D’oiro fulvo, de leve...docemente...
As papoilas sangrentas, sensuais...

Andam asas no ar; as raparigas,
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram, por entre o oiro das espigas,
Os perfis delicados e trigueiros...

Tudo é tranquilo, e casto, e sonhador...
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: Onde há pintor,

Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!

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